A soja é um dos principais motores do agronegócio brasileiro, responsável por bilhões em exportações e geração de empregos. No entanto, nas últimas semanas, o setor voltou a ser alvo de críticas em estudos e reportagens internacionais, que apontam preocupações com o desmatamento e o uso intensivo de defensivos agrícolas.
Segundo dados divulgados pelo Instituto Escolhas, o uso de pesticidas na produção de soja aumentou mais de 2.000% entre 1993 e 2023, alcançando cerca de 349 mil toneladas anuais. Além disso, a expansão da soja ocorreu principalmente pelo aumento da área cultivada que passou de 11 milhões para 44 milhões de hectares nesse período enquanto os ganhos de produtividade foram mais modestos. Essas informações acenderam o alerta sobre os impactos ambientais da produção, especialmente no Cerrado e na Amazônia, dois biomas estratégicos para o equilíbrio climático global.
Apesar das críticas, o momento também traz oportunidades para o agronegócio brasileiro. Empresas e produtores que investirem em tecnologias sustentáveis e certificações ambientais podem conquistar mais espaço no mercado internacional, cada vez mais exigente em relação a critérios de origem e rastreabilidade. Práticas como agricultura de precisão, integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e manejo eficiente do solo já se mostram caminhos viáveis para aumentar a produtividade sem ampliar a área plantada. Além disso, iniciativas de rastreabilidade digital permitem maior transparência e confiança junto a compradores estrangeiros.
O cenário internacional mostra que a sustentabilidade não é apenas uma responsabilidade ambiental, mas também uma estratégia de mercado. Ao adotar práticas modernas, o Brasil pode não só reduzir críticas, mas também se consolidar como um dos líderes globais em produção agrícola responsável. A soja brasileira tem potencial para continuar sendo protagonista no comércio mundial, mas a forma de produzir será cada vez mais determinante para garantir competitividade e acesso a novos mercados.
